Nos últimos dias, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem mantido conversas com o presidente Lula em uma tentativa de convencê-lo a adiar a decisão sobre a mudança da meta fiscal para março do próximo ano. Isso permitiria ao governo analisar as receitas dos primeiros três meses do ano antes de tomar uma decisão definitiva.
De acordo com duas fontes bem informadas sobre as conversas, o pedido feito por Haddad visa possibilitar um acompanhamento mais preciso das receitas no início do ano. É a partir do relatório de receitas e despesas que o governo deve anunciar medidas de contingenciamento, caso as receitas se mostrem inferiores às previstas.
A Casa Civil, responsável pelo Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), lidera o grupo da área política que defende a mudança imediata da meta para o próximo ano ainda neste mês de novembro, antes da votação da proposta orçamentária de 2024.
No entanto, Lula, conforme interlocutores, está inclinado a manter o orçamento do próximo ano sem cortes, mesmo que isso resulte em um novo déficit. Além das questões econômicas, há preocupações políticas relacionadas às eleições municipais do próximo ano e à eleição de aliados do governo.
Nesta sexta-feira (3), durante uma reunião com ministros da área de infraestrutura no Palácio do Planalto, Lula reforçou a importância de investimentos e afirmou que "dinheiro bom é dinheiro transformado em obra". A declaração vem em meio à discussão sobre a meta fiscal do governo para o próximo ano.
Enquanto o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, presente na reunião, defende a meta de zerar o déficit das contas públicas em 2024, a ala política do governo advoga por uma meta com déficit de até 0,5%, visando evitar cortes de gastos em um ano eleitoral municipal. O próprio presidente já destacou que a meta de déficit zero é "dificilmente" alcançável no próximo ano.
"Para quem está na Fazenda, dinheiro bom é dinheiro que está no Tesouro, mas para quem está na Presidência dinheiro bom é dinheiro transformado em obras. É dinheiro transformado em estradas, em escolas de primeiro, segundo e terceiro grau, em saúde", afirmou o presidente nesta sexta.